O Globo
BRASÍLIA – O Comando da Aeronáutica afastou temporariamente de suas atividades o piloto que provocou a quebra de vidros no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal (STF) e em residências de Brasília durante evento no domingo. O caso será investigado. O piloto vai passar por uma avaliação e poderá sofrer sanções. Segundo o órgão militar, ele “excedeu a velocidade adequada para este tipo de missão, atingindo em torno de 1.100 km/h”. Apesar de não ter rompido a barreira do som, a alta velocidade provocou ventos fortes no local. O incidente ocorreu durante a solenidade de troca da Bandeira Nacional, na Praça dos Três Poderes, por volta das 10h20m no domingo.
Segundo a Aeronáutica, “todos os sobrevoos ocorreram em altitudes dentro das margens de segurança e não houve risco de acidente com as aeronaves”. A nota divulgada ontem também informa que os pilotos escalados têm “capacitação e experiência para cumprirem missões com caças F-2000C”. Havia dois pilotos à frente das aeronaves Mirage 2000, mas só um deles agiu de forma inusitada. O evento era em comemoração aos 60 anos da Esquadrilha da Fumaça.
No Palácio do Planalto, o déficit foi de 25 vidros trincados, três estilhaçados, uma luminária quebrada e a pintura de um carro estragada. No Supremo Tribunal Federal (STF), 320 metros quadrados de vidros foram estilhaçados. Pelo menos oito residências das proximidades também reclamaram estragos. O Comando da Aeronáutica está apurando valor do prejuízo e prometeu providenciar e pagar o conserto.
No STF, foram quebradas 65 vidraças grandes e dezenas de janelas pequenas. O prejuízo financeiro calculado pela Diretoria-Geral do tribunal é de R$ 35 mil. A empresa que instalou os vidros vai recolocá-los. Não será necessária nova licitação, porque o contrato com a empresa ainda está em vigor. Os vidros novos começam a ser instalados hoje. A expectativa é de que em até 15 dias o serviço esteja pronto. O tipo de vidro instalado será do mesmo tipo. Para o futuro, há planos para colocar um vidro mais resistente e para trocar as esquadrias do tribunal, que são originais.
Enquanto isso, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, ficará despachando em seu gabinete no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em prédio anexo ao edifício sede do STF. Ele deve estar de volta ao gabinete do tribunal na quinta-feira. Ontem, as salas afetadas foram aspiradas e interditadas. Algumas janelas que levarão mais tempo para serem substituídas foram cobertas com tapumes de madeira. O comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, telefonou para Ayres Britto para se desculpar e se comprometer a pagar a conta.
No térreo do Planalto, foram encontrados quatro vidros trincados e uma luminária quebrada. No subsolo, 21 vidros trincados. Ao contrário do que ocorreu no prédio do STF, os vidros no Planalto não caíram. No setor de transportes da Presidência da República, num prédio atrás do Planalto, três vidros se quebraram. Neste caso, pedaços da vidraça caíram sobre um carro particular, danificando a pintura. Na segunda-feira, os servidores encontraram suas mesas cobertas de pó branco, que se soltou do gesso.
O Comando da Aeronáutica informou que oito moradores das proximidades solicitaram reparos em vidros quebrados devido ao sobrevoo das aeronaves. Militares foram até as residências para apurar o prejuízo e providenciar o conserto. Quem tiver sido prejudicado com o incidente poderá entrar em contato com o Sexto Comando Aéreo Regional por meio do endereço eletrônico ouvidoria.comar6@fab.mil.br informando nome, endereço, telefone e uma breve descrição dos danos.
