Um policial aposentado foi apontado como suspeito, mas, em 2014, foi inocentado por falta de provas. Até hoje, a motivação do crime não foi esclarecida.
Por Rogério Júnior, g1 MT
A morte a tiros de três adolescentes de 13, 15 e 16 anos em pleno Centro Histórico de Cuiabá, na Rua 27 de Dezembro, conhecida como Beco do Candeeiro, completou 25 anos nesta segunda-feira (10). A amiga deles, Rubia Cristina de Jesus Silva, então com 16 anos, relembrou ao g1 que havia combinado com eles, na noite da chacina, que iria esperá-los no posto de saúde do Bairro Pedregal, onde costumavam se reunir, mas nunca chegaram ao local combinado.
Ela disse que ficou sabendo da chacina por um outro menino que também andava com o grupo, afinal eles eram todos garotos e garotas das ruas da capital. A motivação do crime ainda não foi esclarecida.
A mãe de uma das vítimas, Albina Rodrigues de Arruda, contou ao g1 que, até hoje, nada foi feito em relação à investigação e o sentimento de impunidade dá lugar à indignação.
“É uma grande indignação por tamanho descaso por parte da sociedade, que foram crianças brutalmente assassinadas e até hoje nada foi feito em prol delas. O maior sentimento é que meu filho era um menino bom, era estudioso, não era brigão, não era desobediente, era um menino de coração bom. O maior defeito que ele tinha era que gostava de inventar apelido não sei da onde ele achava tantos apelidos nos colegas de infância”, contou.
Albina é mãe de Edgard Arruda, conhecido como Indinho. As outras vítimas foram identificadas como Adileu Santos, de apelido Baby, e Reginaldo Magalhães, também chamado de Nado.
Investigação
O único sobrevivente do grupo, Edilson Alves, participou do julgamento popular, em 2014, e reconheceu o policial militar Adeir de Souza Guedes Filho como o responsável pelas mortes dos garotos. Atualmente, Alves está preso, segundo Rubia.
Segundo a denúncia, o policial teria usado uma pistola para matar os adolescentes no Beco do Candeeiro. Contudo, ele foi inocentado por falta de provas.
O coordenador do Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade, o pastor Teobaldo Witter, afirmou ao g1 que acompanha o caso da chacina desde a noite em que aconteceu.
“Após tomarmos conhecimento do fato, foi pelo Centro que nós acompanhamos, solidariamente, as famílias. E edificamos o memorial que esta lá no Beco para que as mortes não caíssem no esquecimento. Esperamos que a chacina seja melhor investigado, que não seja esquecido e que haja reparação”, afirmou.
O Beco
O Beco leva esse nome por causa de um candeeiro na porta da Taverna, à época era chamado de Casa do Truque.
Em 1919, o beco teve a primeira instalação de energia elétrica já que era considerada como a rua mais importante de Cuiabá.