Suspeito de articular ataque a Confresa (MT) passa por audiência de custódia e diz que trabalha com garimpo ilegal em terra indígena

126 0
Por g1 Tocantins e TV Anhanguera
Suspeito preso confessou que trabalha em garimpo ilegal — Foto: Reprodução

O homem apontado como principal articulador logístico da tentativa de roubo a transportadora de valores em Confresa (MT) passou por audiência de custódia e disse à Justiça que trabalha em garimpo ilegal em área indígena. Ele está preso na Casa de Prisão Provisória de Araguaína, no norte do Tocantins.

O suspeito não terá a identidade divulgada nesta reportagem porque existe a suspeita de que tenha apresentado um nome falso durante a audiência de custódia. A Defensoria Pública, que fez a defesa dele, informou que foi indicada automaticamente para a defesa do réu citado pela reportagem em razão deste não ter constituído advogado. (Veja a nota completa abaixo)

O homem de 30 anos foi localizado pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Delegacias da Regional de Confresa, da Polícia Civil do Mato Grosso. A prisão aconteceu no fim de semana, em cumprimento a ordem judicial, com apoio da 3ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic) de Araguaína.

Durante a audiência de custódia o preso foi questionado sobre como aconteceu a prisão e se teve os direitos constitucionais respeitados. O juiz não fez perguntas sobre o crime que é investigado, mas o suspeito respondeu sobre suas atividades e disse que trabalhava em garimpo ilegal em Cumaru do Norte (PA).

  • Juiz: Esse garimpo o senhor tem decreto de lavra ou é clandestino?
  • Suspeito: Clandestino, na área indígena.

O vídeo do depoimento foi publicado pelo Jornal do Tocantins e confirmado pelo g1. O suspeito segue preso em Araguaína.

O que diz a defensoria

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) informa que foi indicada automaticamente para a defesa do réu citado pela reportagem em razão deste não ter constituído advogado(a).

Como o processo de prisão é do Mato Grosso, a Justiça abriu um novo processo no Tocantins apenas para a realização da audiência de custódia, que após concluída teve o processo encerrado. O custodiado, após a prisão e audiência, segue à disposição da Justiça do Mato Grosso.

Investigação

Segundo a PC mato-grossense, o suspeito tinha fugido para o Tocantins depois que outros dois investigados por darem suporte à quadrilha foram presos em Redenção (PA), em cumprimento a mandados judiciais, na semana passada.

No Pará, a polícia encontrou duas casas que serviram de base para os criminosos, antes da tentativa frustrada de roubar a transportadora de valores. O grupo pretendia levar cerca de R$ 60 milhões.

Imagens divulgadas pela polícia mostram o momento em que o bando saiu das casas e seguiu em direção a Confresa (MT), pela BR-158, em cinco automóveis de luxo blindados e outros veículos.

Casa supostamente usada por criminosos foi alvo de buscas — Foto: PC-MT/Divulgação
Casa supostamente usada por criminosos foi alvo de buscas — Foto: PC-MT/Divulgação

Uma das casas foi alugada pelo homem preso em Araguaína, que usava nomes falsos e é investigado por outros crimes no Tocantins. Segundo a polícia, além do apoio ao bando em Redenção, ele participou de todo o planejamento do ataque a Confresa (MT).

“Essa prisão no Tocantins é resultado da continuidade do trabalho de investigação feito em Redenção, quando identificamos, descobrimos também que ele tinha fugido para Araguaína. Ele é o mais importante apoio logístico do grupo em Redenção”, explicou o delegado titular da GCCO, Gustavo Belão.

Além destas três prisões feitas pela Polícia Civil do Mato Grosso, mais dois suspeitos de participação no crime foram presos no Tocantins durante a Operação Canguçu. Além das prisões, 15 integrantes do bando morreram em confrontos com a polícia no interior do Tocantins.

Operação Canguçu

Depois da tentativa de roubo frustrada a maior parte do bando fugiu para a zona rural do Tocantins e começou a ser perseguida por uma força-tarefa com cerca de 350 policiais de cinco estados. Essa operação foi chamada de Canguçu e já dura 23 dias.

Fortemente armados, inclusive com fuzis furtados da Polícia Militar de São Paulo, os criminosos têm feito pessoas reféns em fazendas e até na área urbana de Marianópolis. Uma família ficou sob poder dos criminosos por oito horas. Áudios divulgados nas redes sociais mostram o medo dos moradores.

As buscas continuam sem um prazo para acabar. No início desta semana a PM reforçou a orientação para que a população da região evite os deslocamentos, sobretudo na rodovia TO-080 e em suas proximidades, devido à presença na região dos criminosos que permanecem fortemente armados.