Família devolveu imóvel ao locatário, que não pretende reabrir o estabelecimento. Assassinatos aconteceram depois que Edgar, preso, e Ezequias, morto em confronto com a polícia, perderam partidas em jogo de sinuca a dinheiro.
Por Rogério Júnior, g1 MT
O bar onde aconteceu uma chacina em Sinop, a 503 km de Cuiabá, permanece fechado. O imóvel foi devolvido ao proprietário, segundo a família que alugava o estabelecimento. O crime, que matou sete pessoas — entre elas, uma adolescente de 12 anos — e aconteceu depois que os dois atiradores perderam partidas de sinuca a dinheiro, completou um mês nesta terça-feira (21).
Uma pessoa ligada à família do dono do antigo estabelecimento, que preferiu não ser identificada, contou ao g1 que o local não irá mais funcionar como um bar. Há planos, segundo ela, de que o espaço vire um conjunto de quitinetes.
Um dos autores do crime, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, se entregou à polícia e permanece preso na Penitenciário Central do Estado (PCE). A polícia o indiciou na quinta-feira (16) por homicídio qualificado, motivo torpe, motivo fútil, recurso que impossibilitou defesa das vítimas, tentativa de homicídio, roubo, furto e posse irregular de arma de fogo adulterada.
Já o Ministério Público de Mato Grosso (MPE) informou que recebeu o inquérito na sexta-feira (17) e tem até cinco dias para oferecer a denúncia à Justiça.
O advogado Marcos Vinícius Borges, que representa Edgar, apontou que o inquérito policial apresentou diversas “falhas técnicas” que devem ser esclarecidos antes da denúncia a ser apresentada pelo MPE. De acordo com o advogado, foram tipificados crimes que não se sustentam.
Edgar tinha registro como CAC, grupo formado por caçadores esportivos, atiradores e colecionadores. O Exército cancelou o certificado dele, após o crime. A Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT) informou, na época, que ele foi desligado da organização por ausência.
Já o comparsa dele, Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, morreu em confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), durante a operação que buscava pelos autores do crime.
Relembre o caso
Depois de perder diversas partidas de sinuca a dinheiro, Edgar retornou ao bar à tarde, junto com Ezequias e jogaram mais algumas partidas contra Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos. Após mais uma derrota, eles mataram as sete pessoas no local, incluindo a filha do adversário, de 12 anos. Ela tentou correr, mas foi atingida nas costas.
As imagens registradas pelas câmeras de segurança mostram o momento em que Ezequias, com uma pistola, manda que as vítimas fiquem de costas, viradas para a parede. Enquanto isso, Edgar pega uma espingarda calibre 12 mm na caminhonete e chega atirando. Algumas vítimas tentam correr e são atingidas já fora do bar.
Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos pelo bar e fogem na caminhonete que estava estacionada em frente ao bar.
Além dos suspeitos, nove pessoas estavam no local. Seis morreram no bar e um homem foi socorrido em estado grave pelo Corpo de Bombeiros, mas pouco depois morreu no hospital.
As vítimas são:
- Larissa Frasao de Almeida, de 12 anos (filha de Getúlio, que também foi morto, e de Raquel Gomes de Almeida, que sobreviveu à chacina)
- Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos (pai de Larissa e marido de Raquel Gomes de Almeida, que sobreviveu à chacina)
- Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos
- Adriano Balbinote, de 46 anos
- Josué Ramos Tenório, de 48 anos
- Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, dono do bar
- Elizeu Santos da Silva, de 47 anos