Advogado é alvo de operação contra extração de ouro ilegal na Terra Indígena Sararé em MT

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Por g1 MT
Polícia Federal combate exploração ilegal de ouro em terra indígena de MT

Um advogado de Mato Grosso, que não teve a identidade divulgada, está entre os alvos da operação “Peixe Grande”, da Polícia Federal, contra comercialização de ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Sararé, em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá. São cumpridos 11 mandados de prisão e busca e apreensão durante a manhã desta terça-feira (28).

De acordo com a Polícia Federal (PF), as ordens judiciais são cumpridas em Pontes e Lacerda e Confresa, em Mato Grosso, e em São José do Rio Preto, em São Paulo.

Ainda segundo a PF, além do advogado, proprietários ou sócios de empresas dedicadas à comercialização de metais preciosos também são alvos da operação.

A ação tem o objetivo de desintegrar a organização criminosa e encerrar as atividades ilegais financiadas pela extração ilegal de ouro, assim como acabar com a degradação ambiental e os danos sociais e humanitários causados à populações da região.

As investigações começaram durante a Operação “Rainha de Sararé”, em 2022. Segundo a análise dos dados financeiros, em menos de três anos, foram identificadas mais de 47 milhões em movimentações suspeitas.

Operação ‘Rainha de Sararé’
Maquinário usado no garimpo ilegal foi apreendido em operação. — Foto: Polícia Federal/Cedida
Maquinário usado no garimpo ilegal foi apreendido em operação. — Foto: Polícia Federal/Cedida

Em 2022, a PF deflagrou a Operação “Rainha de Sararé”, para cumprir mandados de busca e apreensão contra associação criminosa responsável por comandar a extração ilegal de ouro da Terra Indígena Sararé.

O grupo criminoso é comandando por uma família de Rondônia, que se deslocava ao Mato Grosso para extrair ouro ilegal da terra indígena. Segundo a polícia, eles têm uma empresa de fachada que presta serviços de terraplanagem.

Na época, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva – entre eles de uma mulher conhecida como “Rainha de Sararé.

Também foram cumpridos quatro decretos de busca e apreensão

A ação da Polícia Federal teve como objetivo a preservação ambiental com o combate do desmatamento das áreas de preservação e contaminação dos rios e solos.

‘Rainha do Sararé’
Marlene Araújo é conhecida como 'Rainha do Sararé'  — Foto: Redes sociais
Marlene Araújo é conhecida como ‘Rainha do Sararé’ — Foto: Redes sociais

A empresária Marlene Araújo, de 47 anos, conhecida como “Rainha do Sararé”, foi apontada como chefe da organização criminosa responsável pela extração ilegal de ouro da Terra Indígena Sararé.

(Atualização: No dia 15 de agosto de 2022, a defesa de Marlene Araújo entrou em contato com o g1 e emitiu um posicionamento, afirmando que os requisitos exigidos pela lei para decretar a prisão preventiva não foram cumpridos, pois não foi demonstrado risco atual e concreto da violação da ordem pública e econômica. A defesa também informou que o processo corre em segredo de justiça e afirmou que os crimes apurados não alcançam pena suficiente para que haja prisão em regime como foi aplicada).

Marlene foi presa no dia 9 de agosto durante a Operação “Rainha Sararé”, por associação criminosa e usurpação de patrimônio da União. O crime de usurpação, segundo a Constituição Federal, é quando a pessoa produz bens ou explora matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo.

Nesse caso, tudo que está no subsolo da Terra Indígena é patrimônio público.

De acordo com a Polícia Federal, Marlene é dona de uma empresa de terraplanagem em Jaru (RO), a cerca de 680 km da terra indígena, que serve como fachada para financiar o garimpo ilegal e receber o ouro extraído e comercializado ilegalmente.

A empresa, que também tinha endereço em Pontes e Lacerda (MT) e em Campo Novo de Rondônia (RO), anunciava serviço de aluguel de pá carregadeira e recrutava pessoas.

O g1 não conseguiu localizar a defesa de Marlene.

Conforme informações da PF, a família da ‘rainha’ é de Rondônia e se deslocava a Mato Grosso para realizar o garimpo na terra indígena.

Na casa de Marlene, em operação realizada no dia 9 de agosto, foram apreendidos diamantes ilegalmente extraídos, além de joias e objetos de ouro. Também foram localizadas peças de motor e equipamentos incinerados em outras operações na Sararé.