Caos na saúde de Cuiabá – Médicos da Prefeitura denunciam pressão para priorizar indicados

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Do: MidiaNews
Sindicato da categoria ainda denunciou situações precárias de trabalho e fez duras críticas ao prefeito
Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed), Adeildo Martins Lucena

O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Adeildo Lucena, afirmou que os médicos da Saúde Pública de Cuiabá são pressionados a atender prioritarimente pessoas indicadas por políticos e apoiadores do prefeito Emanuel Pinheiros.

Adeildo alega que os profissionais da saúde recebem “bilhetinhos” solicitando que o médico deixe os indicados passarem na frente de pacientes com casos mais urgentes.

Por trabalharem com contratos temporários, o presidente explica que os médicos aceitam essas condições de assédio e pressão com medo de serem demitidos de seus cargos.

Além disso, aqueles que se recusam a atender os bilhetes seriam submetidos a mais pressão no trabalho, segundo o Sindimed.

“Como são médicos com vínculos precários, eles são assediados e pressionados o tempo todo. Essa pressão pode ser maior ou menor. Se você atender bilhetinho de político, de apoiador, um bilhetinho para passar um paciente menos urgente […] Se você não fizer isso, a pressão é grande, mas se fizer isso eles aliviam para você”, relata.

Outra situação mencionada pelo presidente é o caso de furo nas escalas. Segundo Adeildo, a falta de médicos faz com que a equipe se sobrecarregue em mais de uma função, ocasionando a lotação nas unidades de saúde. Como consequência, o atendimento é precarizado e isso gera mais mortes de pacientes.

“A própria comunidade pressiona os médicos, mas onde está a falha? No prefeito Emanuel, que não coloca médicos suficientes”, afirma.

O Sindimed ainda afirmou que estão faltando leitos na Capital, por isso os médicos muitas vezes precisam deixar os pacientes nas policlínicas por não ter para onde mandá-los.

O problema, de acordo com o presidente, é algo que ocorre há anos e nunca foi corrigido, nem mesmo após a pandemia da Covid-19.

 

Críticas à gestão

Durante a coletiva, o Sindimed novamente destacou a necessidade de realização de concursos públicos para suprir a carência de médicos e evitar as situações de pressão e assédio no trabalho.

Denominando o prefeito de Cuiabá de “rei do drible”, o presidente do sindicato alega que os editais não vão para frente por culpa do próprio gestor.

“Conseguiram fazer um edital que a princípio você olha e pensa: ‘Isso aqui foi feito para não funcionar, para não termos os médicos’. […] Então o fracasso está aí porque o edital foi feito para fracassar”, afirma.

Como medida, o Sindimed afirma que vai ingressar com uma ação e encaminhar as denúncias para que o Ministério Público do Estado (MPE), o Conselho Regional de Medicina (CRM) e o Tribunal de Contas avaliem e fiscalizem os documentos.