Pesquisadores encontram coliformes fecais e antidepressivos na água do rio Coxipó

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Do: Olhar Direto
Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Pesquisadores convidados para falar em audiência pública sobre os impactos ambientais na Bacia do Rio Coxipó, na Câmara de Cuiabá, afirmaram nesta segunda-feira (07) que estudos recentes realizadas na parte urbana por onde passam as águas do rio detectaram a presença elevada de coliformes e fecais e de diversos remédios, como antidepressivos, analgésicos e antiepilépticos.

A audiência foi articulada pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT) e pelo vereador por Cuiabá Robson Cireia (PT). Convidada a falar sobre o rio, a pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Daniela Maimoni de Figueiredo, apresentou um mapeamento feito em pontos de captação de água para consumo desde o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães até a foz do rio.

Segundo a pesquisa, foi detectada alteração de coliformes fecais em volume 12 mil vezes acima do permitido pela legislação. Mesmo na cabeceira do rio Coxipó também houve detecção de coliformes fecais por conta do crescimento urbano do município de Chapada.

“Nós detectamos certa alteração de coliformes, já está um pouco alto, já tem um alerta amarelo de que os deflúvios urbanos de Chapada estão começando a alterar a qualidade da água nas cabeceiras”, afirmou Maimoni.

O rio Coxipó possui 153 pontos de captação do Parna da Chapada até a fox e 22 pontos de lançamento de esgoto no mesmo trecho. Atualmente 30% do abastecimento público de Cuiabá vem do rio Coxipó, sobretudo da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Tijucal.

Mainomi também comentou sobre a proliferação de bactérias que se alimentam de coliformes fecais encontrados no rio.É o caso da cianobactéria Planktothrix agardii, encontrada no rio Coxipó em volume 18 mil vezes acima do padrão da legislação.

“É uma proliferação absurda. É claro que a captação de água fica acima de onde tem lançamento de esgoto e de onde está localizada a proliferação dessas algas, mas é um alerta porque essas algas também vão para o Cuiabá e tem comunidades que vivem na beira do rio, é um alerta de saúde pública”, afirmou.

 

Remédios no rio Coxipó

Na apresentação feita pelo pesquisador da UFMT Ibraim Fantin da Cruz foi citada a presença de diversos remédios encontrados no decorrer do rio. A pesquisa apresentada encontrou no ponto de captação do Tijucal fármacos como Ibuprofeno, Diclofenaco e Paracetamol. Além do antiepiléptico e antidepressivo Carbamazepina.

“Nós temos a ocorrência desses elementos já presentes na água, nós não chegamos a analisar a água distribuída, mas acreditamos que esses elementos também estão sendo consumidos pelas pessoas que utilizam da captação do Tijucal, a poluição também está associado a este tipo de elementos”, afirmou Ibraim Fantin da Cruz em sua apresentação.