Ciclone tropical Grace segue para o Haiti após terremoto devastador

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Por G1
Homem ajuda a carregar uma pessoa resgatada de escombros após o terremoto em Les Cayes, Haiti — Foto: Duples Plymouth/AP

Um ciclone tropical ameaça tornar ainda mais grave a situação humanitária ainda mais grave no Haiti nesta segunda-feira (16). De acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), tempestades severas poderão provocar inundações e deslizamentos de terra no país, que ainda contabiliza as perdas humanas e materiais provocadas pelo terremoto de magnitude 7,2 ocorrido no sábado (14).

O desastre natural deixou ao menos 1,3 mil pessoas mortas, cerca de 5,7 mil ficaram feridas e milhares de moradores desabrigados. As fortes chuvas previstas com a chegada do ciclone tende a aumentar a tragédia no país.

Segundo o NHC, o ciclone, batizado Grace, está localizado a cerca de 200 km a leste de Porto Príncipe, a capital do Haiti, e se move para oeste a cerca de 24 km/h. Há previsão de chuvas entre 127mm e 254 mm no sul do país e, também, na República Dominicana.

“Essas fortes chuvas podem produzir inundações repentinas e urbanas e possíveis deslizamentos de terra”, alertou o centro meteorológico.

O NHC destacou que o centro do ciclone passará perto da costa sul de São Domingos, ilha compartilhada pelo Haiti e a República Dominicana.

Ele também deve passar pela Jamaica, Cuba e Ilhas Cayman entre terça e quarta-feira, segundo a trajetória prevista pelo serviço meteorológico.

O terremoto de sábado foi o terceiro grande desastre natural ocorrido no Haiti em 11 anos. Em 2010, pelo menos 200 mil pessoas morreram e outras 300 mil ficaram feridas em um terremoto que devastou completamente o país. Cinco anos depois, em 2016, um furacão, batizado Matthew, deixou centenas de pessoas mortas e dezenas de milhares desabrigadas.

Terremotos são frequentes na história do pequeno país, que é um dos mais pobres do mundo e afundado em crises. Antes de 2010, os haitianos enfrentaram grandes tragédias com tremores de terra ocorridos em 1887, 1842, 1770 e 1751.

Crise política e humanitária

O terremoto atinge o Haiti em um momento de forte crise política, que é anterior até mesmo ao assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho deste ano.

Moïse dissolveu o Parlamento e governava por decreto havia mais de um ano, após o país não conseguir realizar eleições legislativas, e queria promover uma polêmica reforma constitucional.

Após o assassinato do presidente por um grupo de mercenários, um governo interino assumiu o controle do país até a realização de novas eleições.

A nação mais pobre das Américas tem um longo histórico de ditaduras e golpes de Estado.

Nos últimos meses, o Haiti enfrentava também uma crescente crise humanitária, com escassez de alimentos e aumento nas taxas de violência.

O PIB per capita do país é de US$ 1,6 mil por ano (cerca de R$ 8,5 mil), e cerca de 60% da população vive com menos de US$ 2 por dia (pouco mais de R$ 10).

O Haiti tem 11,3 milhões de habitantes, faz fronteira com a República Dominicana na ilha Hispaniola, no Caribe, e tem um dos menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo: 0,51.

Colonizado em 1492, após a chegada de Cristóvão Colombo à América, o Haiti foi o primeiro país do continente a conquistar a sua independência e a primeira república a ser liderada por negros, quando derrubou o domínio francês no começo do século XIX.