Do: Olhar Direto
Uma nova linha de investigação sobre a ‘Chacina de Taquaruçu do Norte’, ocorrida na zona rural de Colniza (1.065 quilômetros de Cuiabá), em abril de 2017 e que culminou na morte de nove pessoas, apontou que a morte das pessoas, chamadas pelos bandidos de ‘limpeza da área’, foi um condicionamento para o pagamento integral do valor da terra por parte de envolvidos no fato.
A nova linha de investigação, que apontou outros motivos para a execução do crime e a participação de mais pessoas, sendo dois mandantes e mais um executor, resultou na denúncia por parte da Promotoria de Justiça de Colniza de mais três homens.
Conforme o Ministério Público de Mato Grosso, o advogado e empresário Marco Túlio dos Santos Duarte, o agricultor Alcides Aberlardo Siebe e Cleisson Palharim agiram cientes de que se os homens que cometeram o crime faziam parte de um grupo de extermínio.
Consta na denúncia que Marco Túlio e Alcides, vulgo “Nego Ciço”, em ano anterior ao fato criminoso, adquiriram uma propriedade/posse rural de Cleisson, no Distrito de Taquaruçu do Norte, de forma parcelada. O pagamento do valor integral foi condicionado à necessidade de “limpeza da área”, ou seja, a expulsão de eventuais posseiros/proprietários que estariam no local. Assim, o denunciado Marco Túlio teria organizado para que o denunciado Cleisson, juntamente aos demais executores, promovessem essa “limpeza”, com anuência do denunciado Alcides.
No dia 19 de abril de 2017, no Distrito de Taquaruçu do Norte, “Cleisson e outros, mediante uso de armas branca (faca) e armas de fogo, mataram as pessoas que ali puderam encontrar, com desígnio autônomo, de forma repentina e surpresa, ao percorrerem a Linha 15, utilizando de crueldade, inclusive tortura, dificultando, de qualquer forma, a defesa das vítimas”.
Além da denúncia, o MPMT requereu a fixação de indenização mínima aos familiares das vítimas, em valor não inferior a R$ 200 mil, a título de danos morais e materiais.
Histórico
Um madeireiro e outros homens acusados de planejar e executar a chacina já haviam sido denunciados pelo MPMT no ano de 2017. O Tribunal de Justiça reconheceu a ausência de provas contra quatro deles, para levá-los ao julgamento pelo Tribunal do Júri, e existe uma ação em curso, em fase de recurso.